O deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), conhecido como TH Joias, foi preso nesta quarta-feira (3) em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele é acusado de tráfico de drogas, comércio ilegal de armas e lavagem de dinheiro, segundo investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF), em parceria com o Ministério Público do Rio (MPRJ) e a Polícia Civil.
As apurações revelam que o parlamentar teria atuado em favor de duas facções rivais — o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP) —, intermediando negócios milionários e prestando favores políticos a criminosos.
Negócios com armas e drogas
De acordo com a investigação, TH Joias participou da venda de dois fuzis por R$ 120 mil a traficantes em 2023. Também é acusado de contrabandear bazucas antidrones, equipamentos usados para neutralizar drones policiais em operações em comunidades controladas por facções.
“O parlamentar aparentava preocupação com a segurança pública, mas, ao mesmo tempo, negociava armas, drogas, importava bazucas antidrones e vazava informações para criminosos”, afirmou o superintendente da PF, Fábio Galvão.
Lavagem de dinheiro com loja de produtos do Flamengo
As autoridades apontam ainda que o deputado teria usado uma loja de produtos oficiais do Flamengo, em Campo Grande (MS), como fachada para lavar dinheiro do tráfico. O procurador-geral de Justiça do RJ, Antonio José Campos Moreira, destacou que o volume de movimentações financeiras no estabelecimento era “totalmente incompatível” com as vendas esperadas de uma franquia do tipo.
Segundo a PF, apenas na parceria com Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, apontado como chefe do CV no Complexo do Alemão, o parlamentar movimentou R$ 9 milhões em três anos.
TH Joias já havia sido investigado anteriormente por usar sua atividade como ourives e a produção de joias sob encomenda para disfarçar transações ilegais.
Gabinete usado para favorecer familiares de traficantes
As investigações também revelam que o deputado empregava mulheres ligadas a traficantes em cargos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Entre elas, Fernanda Ferreira Castro, mulher de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, preso por chefiar o tráfico em Duque de Caxias.
Fernanda trabalhou por oito meses no gabinete de TH, em uma estratégia que, segundo a PF, visava dar a ela aparência de legalidade e criar álibis em caso de abordagens policiais. O celular da ex-assessora foi apreendido.
“Ele queria proteger criminosos oferecendo cargos a familiares. A ideia era que essas mulheres pudessem se apresentar como funcionárias da Alerj, criando uma fachada de legalidade”, explicou Galvão.
Prisão em condomínio de luxo
Após buscas em seu gabinete na Alerj e em sua residência oficial, onde não foi localizado, TH Joias acabou preso em um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca, onde se escondia na casa de um amigo.
Além dele, outros envolvidos, incluindo o delegado federal Gustavo Steel, foram presos sob suspeita de receber propina e repassar informações sigilosas às facções.
O MDB e a Alerj ainda não se manifestaram sobre a prisão do parlamentar.