Moradores da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, viveram momentos de pânico durante a noite desta segunda-feira (7), após um intenso tiroteio entre grupos criminosos rivais. De acordo com relatos locais e vídeos que circularam nas redes sociais, a ação teria sido resultado de uma tentativa de invasão da milícia a uma área controlada pelo Comando Vermelho (CV).
As imagens mostram o som constante de disparos de fuzil e moradores se abrigando em casa enquanto descrevem o confronto. “É muito tiro, gente. Misericórdia!”, diz uma mulher, assustada, em um dos vídeos. Outro morador narra o avanço dos criminosos pelas ruas: “Olha lá, estão ali na esquina! Estão trocando tiro pesado!”.
Segundo testemunhas, três homens ligados ao tráfico teriam sido mortos durante a invasão. A Polícia Militar, no entanto, afirmou que reforçou o policiamento na região, mas não confirmou as mortes.
Disputa por território reacende guerra entre facções
A troca de tiros teria sido uma retaliação do Comando Vermelho após um vídeo divulgado horas antes pelos próprios traficantes. Nas imagens, ao menos três homens armados aparecem em uma comunidade de Santa Cruz, afirmando terem invadido a favela de Antares, área historicamente dominada pela milícia.
No vídeo, um dos criminosos cita Edgard Alves de Andrade, o Doca ou Urso, apontado pelas forças de segurança como um dos líderes do CV na Zona Oeste. O conteúdo seria uma provocação direta ao grupo rival, o que teria desencadeado o novo confronto em Vila Kennedy.
Região vive clima de insegurança constante
A Vila Kennedy é uma das áreas mais conflagradas da Zona Oeste, marcada por disputas violentas entre o tráfico e milicianos. A guerra territorial tem deixado um rastro de medo e instabilidade, com tiroteios cada vez mais frequentes em áreas residenciais.
Moradores relatam que, nos últimos meses, as trocas de tiros se tornaram diárias, afetando a rotina de quem vive e trabalha na região. Escolas e postos de saúde já precisaram suspender atividades por causa da violência.
A Polícia Militar informou, em nota, que segue com patrulhamento reforçado e “ações de proximidade” para tentar conter a escalada do conflito. A corporação destacou ainda que a área apresenta alta complexidade operacional, com forte presença de grupos criminosos armados e grande densidade populacional.
Conflito expõe desafios da segurança pública no Rio
O novo episódio de violência na Zona Oeste reacende o debate sobre a eficácia da política de segurança pública no estado. Enquanto o governo aposta em operações pontuais e ocupações temporárias, a ausência de presença permanente do Estado segue permitindo o avanço de facções e milícias.
Em ano pré-eleitoral, o tema promete ganhar ainda mais destaque no cenário político fluminense, pressionando autoridades estaduais e municipais a apresentar respostas concretas para o aumento da criminalidade nas comunidades do Rio.