O plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro foi palco de um intenso embate político nesta segunda-feira, durante a votação da concessão da Medalha Pedro Ernesto ao vereador Carlos Bolsonaro (PL). A homenagem, proposta por colegas de partido, foi aprovada logo no início da sessão, mas gerou forte reação de parlamentares da oposição, que questionaram o mérito da honraria.
O clima esquentou quando o líder do PL na Casa, Rogério Amorim, e o vereador Leonel de Esquerda (PT) trocaram farpas durante os debates. A discussão saiu do campo político e chegou à ameaça de abertura de um processo na Comissão de Ética da Câmara.
“Vou representar na Comissão de Ética. Ele imputou crime ao vereador Carlos Bolsonaro e vai ter que provar. Disse que ele persegue opositores e que criou uma milícia paralela. Isso é grave”, afirmou Amorim, ao microfone.
‘Abin paralela’ e perseguição política entram no centro da polêmica
Durante seu discurso, Leonel de Esquerda criticou a trajetória política de Carlos Bolsonaro, afirmando que o parlamentar teria atuado, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, para articular uma suposta “Abin paralela” — estrutura que, segundo ele, teria sido usada para monitorar adversários políticos.
A fala gerou reações imediatas no plenário e desconforto até mesmo entre parlamentares que não se envolveram diretamente na discussão. O vice-presidente da Comissão de Ética, Dr. Gilberto (Solidariedade), chegou a afirmar que se sentiu “constrangido” com o tom adotado pelo petista.
Carlos Bolsonaro evita polêmica e agradece homenagem
Enquanto o debate se desenrolava, Carlos Bolsonaro preferiu não responder às provocações. O vereador limitou-se a agradecer pela medalha e pediu o prosseguimento dos trabalhos.
“Não vou polemizar. Agradeço a vossas excelências pela homenagem. Em momento oportuno, farei minha defesa. Que continuemos a sessão e o trabalho da Casa”, declarou o filho do ex-presidente.
Sessão marcada por tumulto e discursos cruzados
A discussão mobilizou uma verdadeira romaria de vereadores ao microfone, que se revezavam entre manifestações de apoio e repúdio à homenagem. Em meio ao tumulto, o presidente em exercício da Câmara, William Coelho (DC), teve dificuldade para restabelecer a ordem e dar andamento à pauta de votações.
O episódio expôs mais uma vez a divisão ideológica na Câmara do Rio, especialmente em temas que envolvem a família Bolsonaro, e reforçou o tom de tensão que tem marcado as últimas sessões da Casa.