O município de Areal, na Região Serrana do Rio de Janeiro, enfrenta sérios problemas no abastecimento e tratamento de água. Moradores de diferentes bairros têm relatado, com frequência, a chegada de água turva nas torneiras e interrupções no fornecimento — situação que expõe falhas na gestão do sistema e no cumprimento das normas de qualidade previstas pela legislação ambiental e sanitária.
De acordo com informações apuradas junto à Agência Reguladora de Energia e Saneamento (Agenersa), que acompanha o serviço prestado em cidades do interior, Areal tem apresentado irregularidades operacionais nas estações de tratamento. As principais queixas incluem o uso de estruturas antigas e a falta de manutenção nos filtros e reservatórios.
Nos últimos meses, a Prefeitura de Areal e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) foram notificados para esclarecer os motivos do descumprimento dos padrões de potabilidade definidos pelo Ministério da Saúde. Amostras coletadas em pontos do centro e dos bairros Gaby e Alberto Torres mostraram níveis de turbidez acima do limite aceitável.
O problema, segundo técnicos ouvidos pela reportagem, está relacionado à defasagem dos sistemas de captação e tratamento, além da ausência de um plano contínuo de investimentos. Embora o município tenha firmado convênios para melhoria da rede de distribuição, o projeto de modernização das estações de tratamento ainda não saiu do papel.
Areal também sofre com a falta de transparência nos relatórios de qualidade da água. Desde o início de 2025, o último boletim público divulgado no site oficial da prefeitura não traz informações completas sobre análises físico-químicas e bacteriológicas, o que dificulta o acompanhamento pela população.
Enquanto isso, moradores recorrem a soluções emergenciais, como filtros domésticos e compra de água mineral. “A gente paga a conta em dia, mas vive sem confiança na qualidade da água que sai da torneira”, relata uma moradora do bairro Delícia.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) notificou a Prefeitura de Areal por falhas no sistema de abastecimento de água do município. A decisão, emitida no último dia 24 de setembro, cobra providências imediatas diante das denúncias de moradores sobre a má qualidade da água distribuída — em muitos casos, chegando às torneiras com coloração escura e odor impróprio para o consumo.
De acordo com o documento encaminhado ao Executivo municipal, o MPRJ destaca que o município já havia sido questionado em outras oportunidades sobre as irregularidades e riscos à saúde pública relacionados ao fornecimento de água potável, mas não apresentou respostas nem adotou medidas efetivas para solucionar o problema.
O Ministério Público concedeu um prazo de 180 dias para que a Prefeitura apresente uma solução definitiva e comprove melhorias no sistema de captação, tratamento e distribuição de água. Caso o prazo não seja cumprido, o órgão poderá adotar medidas judiciais contra o município e seus gestores.
A informação sobre a notificação foi confirmada pelo vereador Robinho da Vila, que afirmou ter recebido oficialmente o comunicado do Ministério Público. Durante manifestação pública, o parlamentar ressaltou a gravidade da situação e cobrou ações imediatas do governo municipal.
“Chegou ao fim a falta de compromisso com a qualidade da água que chega às torneiras. O Ministério Público já notificou a Prefeitura e deu um prazo de 180 dias para apresentar uma resposta. A população não pode continuar recebendo água imprópria para o consumo”, declarou o vereador.
Moradores relatam que o problema persiste há meses, especialmente nos bairros Delícia, Alberto Torres e Gaby, onde o fornecimento é irregular e a água apresenta aspecto turvo. Muitos têm recorrido à compra de água mineral e ao uso de filtros domésticos para suprir as necessidades básicas.
Até o fechamento desta matéria, a Prefeitura de Areal não havia se manifestado oficialmente sobre a notificação. O Ministério Público informou que continuará acompanhando o caso e poderá instaurar uma ação civil pública caso as medidas exigidas não sejam cumpridas dentro do prazo estabelecido.
