O prefeito Eduardo Paes (PSD) enviou à Câmara Municipal o projeto de orçamento do Rio de Janeiro para 2026. A proposta, que será debatida em audiências públicas antes da votação definitiva, já revela algumas tendências para o próximo ano: mais investimentos, aumento da dívida e cortes em áreas sensíveis, como a Assistência Social.
De acordo com uma análise preliminar feita por técnicos do Legislativo, o plano orçamentário indica um salto de 59% nas operações de crédito, ou seja, o município vai recorrer mais a empréstimos para financiar despesas e obras. As despesas com juros também devem crescer 18%, ampliando o peso da dívida nas contas da cidade.
Investimentos em alta em ano eleitoral
Enquanto as finanças apertam de um lado, os investimentos públicos devem disparar. O orçamento prevê R$ 4,8 bilhões para obras e projetos, um aumento de 60% em relação a 2025. O reforço nos investimentos acontece justamente em ano eleitoral, quando Eduardo Paes tentará manter seu grupo político no comando da Prefeitura.
A Secretaria de Infraestrutura é uma das principais beneficiadas, com aumento de R$ 912 milhões em seu orçamento — um crescimento de 50%.
Sem reajuste para servidores
As despesas com pessoal e encargos sociais terão alta de 5%, percentual que cobre apenas as progressões de carreira e aposentadorias. Na prática, isso significa que não há previsão de reajuste salarial geral para os servidores municipais.
Mais arrecadação com a nova Cosip
O orçamento também projeta um aumento de R$ 750 milhões nas receitas de contribuições, impulsionado pela nova tabela da Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (Cosip), cobrada na conta de energia elétrica.
Cortes e prioridades
Em contrapartida, a área de Assistência Social perde espaço no orçamento, com redução de 2%, o equivalente a quase R$ 10 milhões a menos. A diminuição contrasta com os reforços nas pastas ligadas a infraestrutura e novas secretarias.
Uma das novidades é a Secretaria Especial de Proteção e Defesa do Consumidor, criada recentemente, que terá R$ 30,1 milhões em 2026 — mais do que a Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais, que ficará com R$ 29,4 milhões. A diferença reflete a mudança nas prioridades políticas do governo municipal.
O projeto ainda passará por discussão nas comissões e só deve ser votado em definitivo nas últimas semanas do ano legislativo.